Conto: Reencontro

Um reencontro marcante pra quem não se via há mais de 10 anos. Eu sabia que ele voltaria e que finalmente nós ficaríamos juntos. Eu via q...


Um reencontro marcante pra quem não se via há mais de 10 anos. Eu sabia que ele voltaria e que finalmente nós ficaríamos juntos. Eu via que ele sentia algo por mim assim como eu sentia por ele, desde o início. As conversas sempre duravam horas e aquilo me fazia cada vez mais feliz.

Porém o que nos impedia de ultrapassar esses sonhos de ficarmos juntos era a distância. Ele morava longe e aquilo me matava. Ele vinha me ver algumas vezes, mas quem iria ter certeza de que nós sobreviveríamos com apenas isso? Era difícil manter a calma pensando em o que poderia acontecer depois.

- Senta e relaxa, Laura. Acho que você anda muito estressada com isso ultimamente. - murmurou Carol, minha amiga.

Me joguei na cama de casal do quarto grande dela e respirei fundo. Ela, como sempre, estava certa. Eu tinha coisas mais importantes com o que me preocupar. Deixaria esse assunto de lado, por um tempo, e, se ele viesse me procurar, eu pensaria em alguma coisa. Por enquanto, eu agiria como uma garota normal sem problemas chatos para resolver. Garotos sempre eram um problema.

Ele realmente se preocupava comigo. Sempre perguntava como eu estava, se minha tarde estava sendo divertida e me mandava mensagens de boa noite, sempre que podia. Desde que éramos pequenos, nossa amizade sempre fora muito especial. E agora estava virando algo mais que tudo aquilo.

E num simples feriado eu recebi a notícia de que iria viajar. Pra fora do país. Teríamos que manter contato por mensagens até eu voltar novamente para casa. Ele ficou triste, perguntou se eu ficaria bem e disse que ficaria conversando comigo durante todos os dias. Com um sorriso nos lábios, entrei no carro e fui viajar.

Passei dia após dia pensando nele. Até tive um sonho. Lindo. Eu estava no hotel, esperando para ir embora quando olho para a rua e o vejo. Não perdi tempo. Corri para encontrá-lo, abraçá-lo, beijá-lo e então antes que todo o planejado acontecesse eu acordei. Porque aquele mundo era tão injusto comigo?

A saudade era imensa. Voltando pra casa, pensei em ligar, mandar uma mensagem, entrar em contato. Eu precisava contar sobre o sonho. Precisava poder ouvir sua voz ou apenas saber como ele estava. Se ainda sentia falta de mim como eu sentia dele.

‘Senti sua falta’. Ali estava a prova daquilo tudo. A mensagem fez meu celular vibrar dentro do bolso do meu casaco enquanto eu entrava finalmente no meu quarto. Rapidamente liguei o computador e ele me esperava. Conversamos e tiramos a limpo todas as novidades. A saudade que batia aos poucos foi diminuindo até eu estar completamente aliviada e feliz quando deitei na cama e dormi.

O início da semana era chato, mas nada melhor do que a simples notícia de que ele viria me ver. Passei a tarde inteira pensando em como seria o nosso encontro e se tudo ocorreria bem que nem percebi o tempo passar. Quando olhei para o relógio já era uma hora da tarde e eu contava os minutos para vê-lo. Era angustiante pensar que poderia acontecer algo e ele me avisar que não poderia vir. Eu não sabia o que aconteceria, só ficaria sentada esperando.

Sozinha no pátio da escola eu esperei muito tempo até que finalmente ali estava ele, atravessando a rua de mãos no bolso e um lindo sorriso no rosto. Me levantei para ir ao seu encontro e nos recebemos com um abraço forte. Como era bom senti-lo. Seu perfume era gostoso e agora eu o sentia em meu moletom.

Os primeiros momentos foram apenas para nos acostumarmos um com o outro. Ambos éramos tímidos e talvez fosse bom para perder aquele problema de vez. A conversa estava rolando com naturalidade. Eu passava a mão no cabelo tentando esconder a vontade de me agarrar em seu corpo e olhar aquelas covinhas me torturava a cada segundo.

Como eu imaginava, não acontecera nada de especial. Ele me acompanhou até em casa e foi embora. Precisava conter a minha ansiedade, a agonia que eu sentia ao não poder fazer nada. Coloquei uma jaqueta, peguei minha carteira e subi no primeiro ônibus que consegui, em direção à casa dele. Alguma coisa tinha que ser feita, e seria eu que iria acabar com o vácuo que existia entre a gente.

Ele não estaria em casa. Fui para o colégio. Não conhecia ninguém, mas pressentia que ele estaria ali em algum lugar, numa sala de aula talvez. Andei pelos corredores e... Ali estava ele. Conversando com um amigo. A vontade era tão grande que não consegui conter. Beijei-o e, sem falar nada, saí dali antes que ele pudesse me alcançar.

Eu havia feito a coisa certa. Talvez não do modo certo, mas as coisas se ajustariam dali em diante. Por dentro eu estava feliz e tranquila. Dormiria bem, teria sonhos maravilhosos que um dia, algum deles poderia se tornar verdade.

Algumas semanas haviam se passado desde o dia em que a relação entre nós ultrapassou só apenas a amizade. Continuamos conversando por mensagem e ele disse que viria me ver novamente. A alegria invadiu meu pensamento de uma forma que eu só pensava no que aconteceria depois.

Estávamos naquele mesmo banco em que sentamos no nosso reencontro, quando ele sem falar nada, me beijou. Sem ser surpreendida, sorri e suspirei.

- Eu estava esperando esse momento até hoje.

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