Conto: Compensar

Ei, pessoas! Tudo bem? Espero que tenham tido um ótimo Natal! Último post do ano hein! Depois de literalmente anos sem escrever contos, a...


Ei, pessoas! Tudo bem? Espero que tenham tido um ótimo Natal! Último post do ano hein! Depois de literalmente anos sem escrever contos, aqui vai um fresquinho com um bônus: é baseado em fatos reais que aconteceram comigo, porém o fim é modificado porque né, nem sempre a história termina num final feliz. Espero que curtam!

Eu queria muito ir naquele concerto. Mandei o link do evento para Ryan, afinal ambos gostávamos muito do musical e agora ele estaria acontecendo ao vivo na nossa cidade. Era muita coincidência. Nós precisávamos ir. Ele ficou empolgado, porém não chegamos a combinar a compra dos ingressos.

Uma semana se passou, era a semana do evento, e ele não falou mais nada sobre desde aquele dia. Eu estava louca pra comprar os ingressos afinal podiam esgotar logo porque era uma atração enorme. Teria orquestra tocando junto com o filme. Imagina que espetáculo!

O concerto era na sexta. Quarta mandei uma mensagem e ele friamente respondeu que não iria, sem dar explicação. Chateada e sem entender nada, comprei meu ingresso porém não deixei aquilo estragar o meu momento. Era meu filme favorito, então eu iria sim assistir ao concerto sozinha, curtindo minha presença. Esse ano havia sido espetacular e eu mercia um presente desses.

Chegando o grande dia, fui ao auditório, assisti, chorei, me diverti, tive o melhor momento da minha vida. E Ryan não me mandou uma mensagem sequer. Para provocar um pouco, postei uma foto com a seguinte legenda:


Porém em seguida achei que poderia ter sido forte demais, e mandei uma mensagem perguntando por ele.

"Olá, acabei dormindo, desculpe. Estou bem e você? Como foi o concerto?" - ele respondeu no outro dia

"Foi maravilhoso" - respondi apenas e não obtive nenhuma resposta desde então

Eu estava saindo com Ryan ha duas semanas. Ele era incrível e estávamos nos dando super bem. E do nada as coisas chegaram a esse ponto e eu fiquei perdida. O que estava acontecendo? Havia sido eu rude demais com aquele post? Mas ele completamente ignorou minha vontade de ir no concerto e nem me explicou porque não poderia ir...

Decidi simplesmente esquecer isso tudo e seguir em frente. Às vezes relacionamentos não dão certo e está tudo bem. Ele pode ter encontrado alguém melhor, isso acontece. Faz parte. E nem sempre a gente recebe uma mensagem explicando que está acabado. Precisamos perceber isso da pior forma. Mas o Natal está chegando e eu não vou deixar isso me abalar.

Quatro dias se passaram e nenhuma mensagem. Eu sei, estou falando sobre isso de novo, mas esse sumiço de Ryan é muito estranho. Nos falávamos todos os dias, ele sempre foi super carinhoso e sempre se explicava quando sumia. Aquilo não parecia normal. E meio que eu sentia falta dele - sim, nos vimos por duas semanas e eu já estava apegada desse jeito. Prazer, Marianna. Essa sou eu.

Estava sentada na sala com a minha família, comemorando o Natal, e eu não consegui me conter e escrevi uma mensagem. Incluía os seguintes tópicos: perguntei como ele estava, desejei Feliz Natal e pedi notícias se continuaríamos nos vendo ou se era pra eu parar de tentar. Simples e objetiva. Com a resposta dele eu saberia se partiria pra outra ou investiria mais um pouco.

De noite ele me respondeu que estava bem, me desejou Feliz Natal de volta, e disse que poderíamos continuar nos vendo, porém pediu que fosse depois do ano novo porque as coisas estavam meio doidas por lá. Respondi que não tinha problemas e a conversa terminou por ali.

Acontece que Ryan sabia que eu iria me mudar pra outro estado em menos de dois meses, nossos dias estavam contados. Quando perguntei como ele se sentia em relação a isso ele disse para aproveitarmos os dias que tinhamos juntos e não focarmos na despedida. Será que ele estava se afastando gradativamente a fim de tentar se desapegar e não ser tão doloroso?

Eu não conseguia passar um dia sem pensar nele. Parece que ao se afastar, os sentimentos se tornaram mais intensos ainda. Mas que inferno. Os dias foram se passando e na chegada do ano novo eu não mandei mensagem. Me convenci de que ele já estava em outra vibe, não era pra acontecer. Levantei a cabeça e tentei esquecer.

Um mês inteiro se passou. Janeiro foi silencioso. Mas eu nem estava preocupada com isso. Estava ocupada demais preparando minhas coisas para a viagem. No dia 1º de fevereiro, minha mãe me acordou cedo.

- Tem alguém buzinando na frente de casa, acho que é pra você.

Meio desnorteada, levantei e fui até a cortina da fachada para espiar o que era. Ryan estava escorado no capô do carro com os braços cruzados, esperando. Sem me importar que eu ainda vestia pijama, corri para a porta, abri e ele me olhou abrindo um sorriso. Eu estava confusa demais pra entender o que estava acontecendo porém feliz demais pra ligar para o que eu estava sentindo. Porém franzi minha testa lembrando das semanas anteriores.

- O que... - eu não sabia como fazer aquele pergunta sem soar agressiva

Eu não odiava ele por nada. Eu já havia sofrido tanto por garotos antes que o que ele fez nem foi "big deal". Nem conseguia ficar brava olhando praquela carinha que ele estava fazendo.

- Oi. - ele disse quando eu abri o portão e parei ha alguns passos dele - Eu tenho bastante coisa pra explicar, né?

Eu assenti e cruzei os braços. Ele colocou as mãos nos bolsos da calça jeans e eu o olhei, segurando a vontade que eu tinha de abraçá-lo e beijá-lo.

- Você quer dar uma volta comigo? - ele perguntou, abrindo a porta do carona

Hesitei porém cedi. Entrei pra trocar de roupa e voltei correndo. Queria muito saber o que ele estava aprontando. Fechei o portão e consegui ver de relance ele sorrindo quando eu entrei. Bateu a porta, andou até a do motorista e quando sentou, deu uma grande inspirada.

- Deus, como eu senti falta de ter alguém sentado nesse banco do carona - falou. Eu dei uma risada e ele ligou o carro.

Ryan e suas piadas em contextos que não deviam ser feitas. Ele começou a dirigir em silêncio e então percebi que o rádio não estava ligado. Ele sempre ligava o rádio quando estávamos juntos no carro.

- Eu meio que estive conversando com sua mãe... - disse enfim

- O que? Pra que? - eu não acredito que minha mãe esteve conversando com ele todo esse tempo e não me falou

-... e talvez a gente tenha transferido sua passagem pra hoje. - ele falou e me olhou logo pra ver minha reação

Arregalei meus olhos lembrando primeiramente da minha mala.

- Como que vou fazer com as minhas coisas??!

Só então percebi que estávamos indo em direção ao aeroporto.

- Calma, nós pensamos em tudo.

Tinha tanta coisa passando pela minha cabeça que eu não consegui falar nada. Não sabia exatamente o que pensar.

- O que achou da surpresa?

- Porque você sumiu?

Ele assentiu. Sabia que aquela pergunta viria e eu sabia que ele estava com a resposta pronta na ponta da língua.

- Arrumei a papelada pra minha demissão, encontrei um apartamento para morar, consegui convencer minha tia a ficar com a minha avó, vendi meu carro,...

Levantei as sobrancelhas, surpresa que ele havia pensado em tudo. E eu achando que ele nem ligava mais pra mim.

- Eu precisava compensar você.

Coloquei minha mão em cima da sua que repousava no câmbio, nos olhamos e sorrimos. No resto do caminho ele me explicou sobre a bagagem, algumas confusões e como ele queria ter ido no concerto porém estava juntando dinheiro pra se mudar comigo. Aquilo era surreal demais. Mas eu nem me importava mais porque tudo estava completo, resolvido e um novo capítulo da minha vida estava começando, e desta vez eu não estaria mais sozinha.

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